O fim do donatário da capitania da Bahia de Todos os Santos, o “Rusticão”

No ano de 1547, Francisco Pereira Coutinho, conhecido como o “Rusticão”, antigo cavaleiro da Coroa portuguesa, e que havia servido na Índia na expedição de Vasco da Gama, foi devorado por tupinambás na ilha de Itaparica, na Bahia de Todos os Santos.

Ritual de canibalismo tupinambá por André Thevet

O Rusticão vivia no Brasil desde 1536, quando desembarcara na Ponta do Padrão na Bahia de Todos os Santos para fundar a sua capitania. Teria recebido o apelido de seus companheiros de serviço militar por conta dos seus modos, digamos, não muito delicados. Como comandante do navio Nossa Senhora da Ajuda, foi o responsável por levar um elefante da Índia até Lisboa, um presente do sultão de Cambaia para o rei de Portugal, que acabou na sequência sendo enviado de presente ao papa Leão X em Roma pelo embaixador Tristão da Cunha.

Francisco Pereira Coutinho viveu durante alguns anos à frente da capitania da Baía de Todos os Santos, juntamente com alguns povoadores, seus parentes e amigos, que lhe acompanharam e assentaram moradia naquela bahia.

O Rusticão já era um tanto velho e possivelmente não tinha a capacidade de comandar com a firmeza necessária os habitantes da Bahia. As notícias são de diversos conflitos entre vizinhos os quais o capitão donatário tinha dificuldade de resolver. Incluíam-se aí conflitos com os vizinhos tupinambá, devido a desmandos que os portugueses praticavam na região.

Diferentemente de Diogo Caramuru, os novos habitantes portugueses eram vários e ocupavam cada vez mais espaços, o que levava a recorrentes conflitos entre si e com os nativos. As violências não demoraram para começar e em pouco tempo os tupinambá já estavam atacando queimando e destruindo engenhos e plantações de cana de açúcar.

Ora, aqueles índios certamente sabiam reconhecer que se tratava de uma invasão, e que perderiam o domínio da região. Afinal, eles tomaram o controle daquela área poucas décadas antes, invadindo territórios antes habitados pelos tupinaé, que acabaram sendo expulsos pela violência e superioridade bélica dos tupinambá.

Com o aumento das violências e incapaz de controlar os índios, em 1546, Coutinho, juntamente com alguns moradores, refugiaram-se mais ao sul, na capitania de Ilhéus.

Abandonando a vila e deixando tudo para trás, os portugueses abrem caminho para os franceses, que não haviam deixado de frequentar a região e continuavam a comerciar com os tupinambá. Contrabando, aos olhos da Coroa portuguesa. Os franceses invadiram a vila, destruíram o que puderam e roubaram os canhões que defendiam.

Algum tempo depois os Tupinambás, liderados por Diogo Caramuru, procuraram Coutinho em Ilhéus, dando falta do comércio de produtos que os portugueses forneciam a eles, sem os quais índios da aldeia de Caramuru não teriam como obter. Propuseram assim fazer as pazes e acabar com as hostilidades os habitantes da capitania.

Na viagem de volta para a Bahia de Todos os Santos, seu barco naufragou dentro da Bahia na Ilha de Itaparica. Os tupinambá violando o acordo de paz que haviam proposto a Coutinho mataram a todos com exceção de Diogo Caramuru que estava entre eles Coutinho terminou sua vida sendo devorado num ritual de canibalismo deixando a capitania sem direção e governo.

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